Reza de Mãe
(De: Flora Figueiredo, in Chão de Vento)
Nem imagino onde eles estão agora.
Era mais fácil quando vestiam o pijama
e pediam a história do elefante azul.
Parece que restou um cheirinho de talco
na almofada do quarto;
deve ser só impressão...
Nesse tempo, eu não tinha medo da noite:
ela era o telhado dos poetas;
as sombras eram apenas a franja
mal aparada dos anjos.
A trava da porta me bastava.
Hoje, as camas vazias me assustam.
Elas acusam o passar das horas
e denunciam a revoada dos pardais,
os meus pardais.
Já não posso abrir minhas asas sobre eles.
São pequenas demais para cobri-los,
frágeis demais para defendê-los.
Ainda bem que me resta a prece,
minha aliada nos dias de nuvens e
nas madrugadas sem fim.
Peço perdão pela insistência,
mas reza de mãe é assim mesmo:
pura perseverança.
Pelas minhas crianças
de barba na cara e calçado quarenta e dois
(o resto na vida é secundário e fica pra depois);
iluminadas com um sorriso.
E quando o cansaço me quiser já recolhida,
hei de poder sorrir pela missão cumprida.
Poema lido pelas professoras da Sala de Leitura para o Ensino Fundamental e Ensino Médio em sala. Para o ciclo I, 5ª e 6ª série do Ensino Fundamental foi lido uma história do livro que chegou na escola nesta semana "A melhor família do mundo" de Suzana Lopes e do ilustrador espanhol Ulises Wensell, que descreve uma história de adoção. Aproveitando a semana do dia das mães foi feita na escola uma reunião de pais onde alunos da 7ª e 8ª do Ensino Fundamental e 3º ano do Ensino Médio apresentaram uma música ("Eu e você" de Ana Cristina). Retirado do programa Raul Gil e ensaiada pelas professoras da Sala de Leitura.
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